Introdução
Ao se falar em “necessidades educacionais
especiais” tem-se que ter em mente que o termo engloba muito mais do que a
pessoa com deficiência, ou seja, inclui pessoas que, por algum motivo,
necessitam, temporariamente ou permanentemente, de recursos e apoios
educacionais especiais.
Neste contexto faz-se imprescindível destacar
algumas leis que dão suporte e propõe o ingresso de todos à educação no âmbito
escolar. Mas a escola inclusiva é feita
de ações concretas, que possibilitem à todas as crianças o aprendizado.
A construção da escola inclusiva é um projeto
coletivo, que passa por uma reformulação do espaço escolar como um todo, desde
espaço físico, dinâmica de sala de aula, passando por currículo, formas e
critérios de avaliação. Tal processo é denominador de Inclusão com
Responsabilidade, que implica compromisso com o processo educacional por parte
de todos que nele estão envolvidos: professores, pais, diretores, dirigentes,
secretários de educação, comunidade etc.
Um dos objetivos do presente trabalho é voltado
para a necessidade de que se pense a formação dos educadores, que não seja
apenas mais uma formação para a inclusão, pois não há como preparar alguém para
a diversidade, mas de formação na inclusão. Outro aspecto muito relevante é o jogo
de empurra empurra de responsabilidades no que diz respeito a todos os fatores
que envolvem esse tema: apoio psicológico, estrutural e pedagógico no ambiente
escolar. E não menos importante remete a aceitação principalmente familiar de
que os alunos portadores de necessidades especiais (seja qual for ela), precisa
incondicionalmente de ser amparado de todas as formas necessárias para que esta
situação imposta de inclusão educacional não se torne para ele frustrações que
podem afetar de forma irreparável na sua formação enquanto ser uno e capaz de
viver no atual mundo moderno e globalizado.
A formação na inclusão não fornece respostas
prontas, é uma formação que trabalha o olhar do educador sobre seu aluno, que
lhe garante o acesso ao conhecimento sobre as peculiaridades de seus alunos e
que o ajude a compreender as necessidades que esse possa ter, a entender que
tipo de apoio é necessário, e onde buscá-lo.
Sabe-se
que a inclusão da criança com deficiência na escola regular não é um fato novo,
principalmente em âmbito mundial, pois a partir de 1994, com a publicação pela
ONU da chamada Declaração de Salamanca sobre princípios, políticas e prática em
educação especial, que o termo Educação Inclusiva ganha força e torna uma meta
de vários países, inclusive no Brasil.
Desenvolvimento
No atual contexto educacional brasileiro, as
pessoas com necessidades educacionais especiais são ou deveriam ser atendidas
pela sua inserção no processo convencional de ensino. Para que se assegure a
eficácia dessa inserção, qualificando-o como inclusão, um conjunto de recursos
e serviços educacionais são organizados institucionalmente, visando apoiar,
complementar ou, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns.
Historicamente, as relações da sociedade
brasileira com o segmento populacional constituído de cidadãos que apresentam
necessidades especiais foram se modificando sob a influência de fatores
político-econômicos, sócio-históricos e culturais, geralmente respaldados pelo
conhecimento científico disponível em cada época.
O atendimento em Educação Especial no Brasil
começa a partir d 1854, inspiradas nas políticas da Europa e dos EUA. Em 1857
surgiu o Instituto Nacional de Surdos, a partir daí outras poucas e seletas
instituições foram se organizando e, cada instituição se tornava especializada
na educação das pessoas de acordo com sua deficiência.
Em 1961 foi sancionada a primeira LDB (Leis de
Diretrizes e Bases), trazendo dois artigos específicos sobre educação especial.
Trata-se do Título X “Da educação de excepcionais”, contendo os artigos 88 e 89
que dizem o seguinte:
Art. 88. A educação de Excepcionais, deve, no que for possível,
enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade.
Art. 89. Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos
conselhos estaduais de educação de excepcionais, receberá dos poderes público
tratamento especial mediante bolsas de estudos, empréstimos e subvenções.
Algumas críticas podem e devem ser levantadas a
respeito dessa legislação educacional diante da possibilidade encontrada no
artigo 88. A indagação gerada seria o fato de não sabermos se são os
“excepcionais” que devem se adaptar à comunidade ou se é esta que deve faze-lo.
Já o artigo 89 esclarece o compromisso do poder governamental com as organizações
não governamentais. A dúvida que poderia surgir seria a respeito da natureza
dos serviços educacionais a serem oferecidos.
Os anos de 1980 foram fundamentais para a
discussão dos direitos humanos e também foram criadas oportunidades para que
diversos profissionais das mais diversas áreas discutissem a função individual
de cada ser sobre a sociedade. Desta busca, surgiu, em 1990 na Conferencia
Mundial sobre a Educação para Todos (na Tailândia), o movimento pela educação
inclusiva, que preconiza a inclusão incondicional de todos os alunos no sistema
de ensino normal.
Em 1994 acontece o grande marco na história da
Educação Inclusiva, Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas
Especiais, denominada de Declaração de Salamanca na qual tem como princípio o
acolhimento de todas as crianças nas escolas. Segundo este instrumento de
relevância internacional, as escolas devem ter o espaço em condições de
assegurar a todas as crianças a possibilidade de aprenderem juntas,
independentemente de quaisquer dificuldades ou peculiaridades que possam
diferenciá-las. Não importará se essas singularidades são de natureza física,
intelectual, social, emocional, lingüística, ou decorrem de qualquer outro
fator.
Percebe-se claramente que há uma relação
relevante entre a educação na escola e a forma de repensar a sociedade e nela
atuar. Compreender que, apesar da integração ser uma conquista, ela ainda não é
o ideal almejado. O paradigma pelo qual se luta hoje é o da inclusão, como
forma de construir uma sociedade mais digna, mais humana, em que todos aprendam
com todos e em que o valor de cada um seja reconhecido em sua singularidade.
As escolas inclusivas, portanto, propõem a
constituição de um sistema educacional que considera as necessidades de todos
os alunos e que é estruturado em razão dessas necessidades. A inclusão gera uma
mudanças de perspectiva educacional, pois não se limita a ajudar somente os
alunos que apresentem dificuldades na escola, mas apóia a todos: professores,
alunos e pessoal administrativo pra que obtenham sucesso na então denominada
escola regular/convencional.
Na inclusão, as escolas devem/deveriam
reconhecer e responder às diversas necessidades de seus alunos, considerando
tanto os estilos, como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma
educação de qualidade a todos, por meio de currículos apropriados, de
modificações organizacionais, de estratégias de ensino, de uso de recursos e de
parcerias com a comunidade. Deste modo, compreender que a Escola Inclusiva é um
dos meios mais eficazes no combate e atitudes discriminatórias, valorizando as
diferenças e a dignidade de todos. Em tese a inclusão sintetiza, assim, o tão
aclamado ideal de educação de qualidade para todos os alunos,
Acerca do que foi exposto até o presente
momento pode-se perceber que há um aumento significativo de matrículas de
alunos com necessidades especiais no Ensino Fundamental e isso se deve
basicamente às políticas públicas de inclusão e ao compromisso de muitos
professores. Entretanto, a existências de escolas especiais de ensino
fundamental vêm oferecer um espaço importante a alguns alunos. As escolas
especiais têm se alicerçado em um novo paradigma da educação inclusiva,
implementado não mais centrado na clínica, na reabilitação e no individualismo,
mas sim, na valorização do ato pedagógico, na aprendizagem e nas diferenças
individuais. Alguns alunos se beneficiam mais de um do que do outro espaço. A
população deve estar sempre atenta e despida de preconceitos, a fim de avaliar
qual o melhor espaço escolar para cada sujeito, em determinada época, e apontar
a intervenção pedagógica mais adequada.
Contudo, é de suma importância ressaltar de que
forma a Legislação se faz pertinente e que em forma de leis legais orientam a
educação inclusiva de forma que atendam a todos os que necessitam dela:
·
Constituição Federal –
artigos 208(atendimento aos portadores de deficiência preferencialmente na Rede
Regular de Ensino [RRE]) e 227 (criação de programas e garantia de
acessibilidade).
·
Lei nº 10.172/01 – aprova
o Plano Nacional de Educação, com 27 objetivos e metas para a educação de Portadores de Necessidades
Especiais.
·
Lei nº 8069/90 –
Estatuto da criança e do adolescente (art. 2º [a criança e o adolescente
Portadores de deficiência receberão atendimento Especial] e art. 5º [nenhuma
criança ou adolescente será objeto de negligência...]).
·
Lei nº 939/96 – Estabelece
as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (art. 4º [atendimento,
preferencialmente, no ensino regular], art. 58 [serviços de apoio, oferecidos
em classe, escolas ou serviços especializados, incluindo o ensino infantil de 0
a 6 anos] e o art. 59 [currículo adaptado, terminalidade especifica,
professores especialistas em educação especial para o trabalho].
·
Resolução nº2, de
11/09/2001 inclui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação
Básica.
Percebe-se claramente que toda a comunidade
especial possui respaldo em leis legais que garantem livre acesso e inclusão em
todos os campos da sociedade, em especial na educação (redes de escolas,
públicas ou privadas). Contudo, é evidente que na realidade não acontece essa
interação e acessibilidade de forma tão simples assim. Se observar as escolas
com construções anteriores a essas datas (leis) encontraremos total falta de
acesso as mesmas, ou seja, rampas, bebedouros adaptados, banheiros adaptados,
acesso as dependências e inclusive as salas de aulas, sem mencionar professores
devidamente capacitados para atenderem a essa demanda. No que diz respeito as
escolas com construções mais recentes no requisito acesso estão adaptadas, pois
são leis e se não fossem cumpridas não teriam autorização, muito menos verbas
para a sua construção, quanto ao corpo docente qualificado e especializado há
controvérsias.
Enfim, o Brasil está no caminho certo, o de
adaptação a atual realidade e leis com caráter inclusivo, cabe no entanto,
ultrapassar as barreiras do preconceito e da descriminação, além de programas
que visem projetos viáveis as comunidades e necessidades de cada região, e que
possam ser adaptados e executados por outras comunidades que almejam e
necessitam do mesmo ideal, incluir com sabedoria e responsabilidade social.
Visto que, deve-se levar em consideração o bem estar e o desenvolvimento
intelectual e psicológico de todo portador de necessidade especial.
Conclusão
Na atualidade vivenciada enquanto educadores
e/ou cidadãos, existe uma mudança profunda na concepção de Educação Especial.
Fala-se em alunos com necessidades educacionais especiais e em convicção de que
o sistema educativo precisa se dispor de meios necessários para dar respostas
às necessidades educacionais destes alunos, quaisquer que sejam elas. Mais do
que isso, necessita-se da implantação de uma ética inclusiva que ratifique o
direito de igualdade de oportunidades ao bem maior que é o direito a uma educação
de qualidade, comprometida com a justiça social.
Neste contexto, ressalva-se que o atual
professor não precisa conhecer uma lista infindável de necessidades
educacionais existentes, mas que tenha consciência de que o seu trabalho
educativo passa, necessariamente, por conhecer e perceber o aluno como sujeito
e descobrir com ele suas potencialidades, desta forma estará apto a mediar com
eficiência o processo ensino-aprendizagem e assim favorecer o plano de
desenvolvimento educacional.
A base do chamado paradigma de Inclusão está na
crença de que a diversidade é parte da natureza humana, a diferença não é um
problema, mas uma riqueza. Uma sociedade democrática é uma sociedade para
todos; uma escola democrática é uma escola para todos. Inclusão é, antes de
tudo, uma questão de ética. Quem ganha
com a inclusão? Ganham todos. Ganham as crianças com deficiência, que têm a
oportunidade de usufruir de um recurso de sua comunidade, de vivenciar a
riqueza do espaço escolar, de conviver com parceiros que lhes oferecem modelos
de ação e aprendizado impensáveis em uma educação segregada. Ganham também as
outras crianças, que aprendem a conviver com a diversidade, aprendem a
respeitar e a conviver com a diferença. E no futuro breve serão, certamente, adultos
muito melhores, muito mais flexíveis. Ganham os educadores, que enriquecem sua
formação e sua prática, pelo crescimento que o desafio de educar a todos lhes
proporciona. Ganham as famílias, que passam a ver seu filho como um cidadão que
tem direito de partilhar dos recursos de sua comunidade. E por fim ganha a
comunidade como um todo, que se torna um espaço mais democrático, que entende
que todos os seus membros são igualmente dignos.
Referências
Bibliográficas
CASTRO, C. C. Q., GUIMARAES, L.
P. M., MENDES, R. G., RODRIGUES, F. L. V., SOUZA, A. M. Inclusão: História, Conceitos e Problematização. Brasília: Centro
de Formação Continuada de Professores da Universidade de Brasília – CFORM/UnB: Ministério da Educação,
Secretaria de Educação Básica – MEC/SEB, 2005. 44 p.
CASTRO, C. C. Q., GUIMARAES, L.
P. M., MENDES, R. G., RODRIGUES, F. L. V., SOUZA, A. M. Inclusão: Trabalhando com as diferenças na sala de aula . Brasília: Centro de Formação Continuada
de Professores da Universidade de Brasília
– CFORM/UnB: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica –
MEC/SEB, 2005. 64 p.
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